segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007
Adriano na Europa..6 meses...
Essa é a parte II – o retorno – Fundos... do
www.adrianonafranca.globolog.com.br
Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.
Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperança a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!
Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.
Fernando Pessoa
Bom..estou no segundo capítulo desses tempos onde, na Europa tenho vivido, um dia após o outro. Muitas são as surpresas, muitas as alegrias e a felicidade de realizar sonhos que achava serem só sonhos...mas que junto à minha pequena alma, se tornaram realidades, fazendo tudo e todos os dias e noites valerem a pena...
Para você que embarca agora, farei um breve resumo...pois essa é a continuação do
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Minha história começou quando terminei meu curso de Gastronomia na Estácio de Sá, e seguindo uma pessoa muito querida, fui cumprir 6 meses de estágio na França, na belíssima cidade de La Rochelle...bom mas não cumpri todo esse tempo, pois mesmo sendo o restaurante muito bom e de cardápio rico e elaborado, percebi uma certa mesmice e muito queria aproveitar e aprender das gastronomias das terras velhas da Europa. Conheci muito das comidas, bebidas e pessoas daquele maravilhoso país. Conheci cidades e castelos que se citar todos de cor...La Rochelle, Besançon, Bordeaux, Beaune, Chagny, Chantilly, Chalon-Sur-Saone, Chatelleraut, Chenonceaux, Conhaq, Dijon, Fontenay, L’Ile de Ré, Montbart, Niort, Roquefort, Paris, Poitier, Saint Maixent, San Pirre deux Corps, Orry-la-Ville, Santes, Semur en Auxois, Tours, Versailles, Poitier...andei bastante. Trabalhei bastante, mas tinha 2 dias por semana para passear e aproveitava cada momento. Foram lugares e situações que escancararam meu coração, abrindo as janelas de minha alma, me trazendo para muito perto de mim mesmo, pois quase sempre sozinho. Fui para a região da Borgonha, do outro lado da França, e muito aprendi por ali, principalmente dos vinhos, os melhores do mundo, e participei de duas grandes feiras e experimentei dos melhores vinhos feitos no planeta, conheci a faculdade de vinhos, vinhedos, viticultores, e muitos e muitos vinhos, queijos, Foie Grás, patês de campagne...foi muito bom. De lá, parti para a Itália, Milão, Veneza, florença e módena, e depois, Roma...subi então para a Suíça...para Belinzona, Zurick e Davos Platz. Volto então para Beaune e juntamente com a Nina, parto para Alemanha. Fico em Frankfurt, e ainda conheço Colônia, Gross-Gerau, Heidelberg, Wiesbaden e Darmstadt. Muito comi, bebi e me diverti na companhia de pessoas maravilhosas, passei ali o Natal e o Reveillon. Parto então para Valência, na Espanha, e de lá para Madrid, ainda conhecendo Segóvia e outra pequena cidade, mas em Madrid, trabalhei no restaurante de um brasileiro e ainda muito pude, alem de cozinhar, comer e aprender sobre a gastronomia espanhola. Parto de lá para Dublin, na Irlanda, e ainda tenho a chance de conhecer uma cidadezinha a beira mar muito linda e tomar cerveja local em bares famosos, com musica céltica ao fundo. De lá vou para Berlin, e em 4 dias de passeio pude contemplar muita riqueza, então vou para Basiléia, na Suíça..e agora estou em Davos, onde começo tudo de novo...
Estou agora em um trem, saindo de Basel (Basiléia) rumo a Zurick, e escreverei apenas a introdução, pois a vista lá fora é imperdível e continuarei em Davos..bem...foram dias muito interessantes, já que no hostel onde estava, em Berlim, havia muitos grupos de brasileiros, todos jovens passeando pela Europa. Como não saía a noite, devido ao frio e a neve, ficava no bar, escutando musica e ouvindo a distancia os casos da garotada, os risos, piadas e brincadeiras. Andava durante todo o dia, e muito. Fui aos monumentos, parques, ao Muro, aos museus, mas a noite, ao Kebab’s da esquina, passava no supermercado e comprava uma garrafa de vinho, e ia para o bar do hostel, onde comprava uma taça e as outras eram da minha garrafa, e ali ficava até dar sono. Não vi ninguém que estivesse sozinho, havia muitos bandos e duplas, mas isso nem me incomodava. Não nego que às vezes me permitia à melancolia e tristeza, é como se me dirigisse a um buraco fundo, mas enquanto não jogam terra, é porque estou vivo, e aconteceu algo no meu primeiro dia que foi assustador. Dei entrada bem cedo, pois o vôo partiu de Dublin às 06:05 da manhã, o que acho até proveitoso, já que durmo, ou melhor, me encosto em algum canto do aeroporto e economizo uma diária, e logo após deixar minha mochila e um bom banho, peguei a câmera e fui andar com o mapa que o rapaz da recepção me forneceu. Eu estava na Rose-Luxemburg Platz, na parte oriental da cidade e próxima aos monumentos mais interessantes. Andei muito até que começou a escurecer e a nevar. Lembrava que estava próximo à torre de tv, que por ser muito alta, se avista de longe...bom, mas ela é igual de qualquer lado, e não sabia ao certo a posição, e com a neve caindo mais forte, sumiu completamente. Resolvi pedir informações, pois estava cansado demais, mas então percebi que havia deixado o papel com o endereço do Hostel na mochila, e o pior, não lembrava o nome dele e nem o nome da rua. O rapaz da recepção me mostrou no mapa onde estava o albergue, mas já não conseguia enxergar nada de tão cansado e não estava com os óculos...e o pior, nas tentativas de ver o mapa com algum esforço e caretas, caia neve e borrou o lugar aproximado onde o rapaz marcou de caneta...comecei a ficar preocupado. Estava muito cansado..avistei uma policial e a perguntei em francês e inglês..ela olhou o borrão no mapa e apontou a direção aproximada...mas achei estranho..não sou pombo correio, mas não sou tão tonto...ela apontava para mais distante de onde poderia estar a torre...andei um pouco, sem confiar muito, até que avistei um táxi parado, e perguntei ao motorista, que me indicou a direção contrária à mostrada pela policial, e prossegui, até avistar a torre bem próxima. Nesse tempo reconheci algumas vitrines e detalhes de casas, sabendo que passei por ali... mas as ruas não são quarteirões, são muitas bifurcações, becos e pontes, devido aos trens, bondes e estações de metrôs...até que cheguei à estaca-zero, pois me deparei com um imenso muro e nada e ninguém por perto..e estava muito frio..uns -4 graus...a neve caia mais branda, mas em compensação minha barriga avisava que estava ocada..andava sem parar, até que em uma pequena loja escutei alguém falar em português..e de cara disse que precisava de ajuda, pois estava em um albergue que tem nome de santo, achava que era o Benedito, mas acho que ele não faria sucesso aqui...não lembrava o endereço, só de uma estação próxima..a Rosa-Luxemburgo..a moça, com sotaque de baiana, uma escurinha muito simpática e falante, perguntou para todos os 3 clientes que estavam no café, esse era o comércio, e um me explicou em alemão...ela rapidamente xingou o sujeito, dizendo que era para explicar para ela que traduziria..ela era arretada mesmo...lembra uma atriz que também cantava, morena de cabelo anelado e de traços fortes de gente do norte, tinha as narinas bem abertas e nariz largo...esqueci o nome..e então me disse para virar a primeira à esquerda e a segunda a direita, e deveria pegar a direita da bifurcação...e se eu me perdesse era para voltar, que ela me levaria..achei um alivio a baiana...fiz como me indicou e então me familiarizo com a avenida e logo estava na porta do hotel...onde passei direto pro Kebab’s e supermercado me munir de um vinho, pois a noite tava fria e eram apenas oito da noite. Tomei outro banho e fui para baixo, onde fiquei organizando as fotos no computador e ainda consegui acesso à internet. Tomei toda a garrafa de vinho, um tempranillo espanhol muito honesto, com leve passagem pregressa, mas que não foi condenado, um vinho alegre e ansioso para sair da garrafa, leve tendência a melancolia mas que cumpria o papel de ser vinho barato...e ao chegar no quarto, fui me deitar e desmaiar. Acordei as 9 da manhã e muito renovado, o tempo estava legal, apesar do frio, e fui percorrer outros lugares e museus. Passei no café onde trabalhava a brasileira e a agradeci muito pela presteza..ela estava ocupada pois haviam muitos clientes, mas me deu um café de presente e me colocou para conversar com uma senhora alemã que organizava um grupo de capoeiristas, uma espécie de escola, que falava excelente espanhol e nos comunicamos sem problemas. Os alemães são muito simpáticos. No mais, toquei meus dias de turista até ir para o aeroporto na terceira noite, e dormi lá como contei no início. Voei de Berlim a Basiléia, e de lá, peguei um trem para Zurick, onde peguei outro para uma linda cidade à beira de um grande lago, cercada pelos alpes brancos pela neve, Landquart, onde finalmente peguei o trem alpino para Davos Platz.
Confesso que estava animado e apreensivo...pois minha estada na europa ainda me reserva muitas surpresas e emoções diversas, já que não suporto ser pesado à alguém, não gosto da sensação de poder estar incomodando..me senti assim algumas vezes nesses 6 meses, mas Davos tinha uma estória que precisava consertar. Estive por lá, quando ainda estava morando em Beaune, sem destino certo, pois na verdade, tinha partido de Beaune para Dijon, de lá para Milão, então para Veneza, em seguida para Florença, Módena, então pego um trem para o sul da Suíça, achando que poderia chegar a Davos de trem, mas os alpes são complicados, me disseram que teria que ir até zurick e então descer para a parte sudeste da Suíça, ou ir por estradas..o que fiz, de ônibus, e até em escolar peguei carona, dormi em uma estação, e respondendo ao Roger..estava -9 graus sim, mas “dormi” no quartinho de espera dos trens, que tinha um micro aquecedor, mas que deu para passar a noite sem problemas, pois pagar 140 euros para dormir no hotel em frente...não sou tão louco. Fiquei pasmo, maravilhado mesmo com a paisagem, com os alpes, as casas, a neve abundante, as vilas pequenas, que entrei em umas 10 no escolar, que entrava para pegar as crianças e as deixava em uma vila maior, para irem a escola. E que diferença do Brasil, se via crianças sozinhas na estrada esperando o ônibus, aliás, quase todas estavam desacompanhadas de um adulto, com um colete cintilante para serem vistos apesar do tamanho, alguns de 4 ou 5 anos. Aliás..aqui é outro mundo. É impossível não comparar e não sentir constrangido por não podermos fazer parte disso...do equilíbrio, do respeito à natureza, às pessoas, aqui são mais iguais...As pessoas deixam as coisas, como esqui, roupas, bolsas, nas portas de lojas, embaixo de arvores para esquiarem, e ninguém mexe em nada, não existe crimes aqui...onde Angelie Jolie estava fazendo compras no supermercado sem segurança, maquiagem, como uma pessoa comum....voltando...fiquei apenas dois dias aqui e tive de voltar, pois recebi um telefonema que me deixou a Europa com novo sabor...e não foi nada bom...queria muito voltar, mas meus recursos são limitados agora, e ainda recebi um e-mail de meu amigo Urban confirmando o convite....e aqui estou...no lugar mais lindo do mundo..o hit da Europa, onde os milionários vinham se tratar de tuberculose, onde os famosos ficam anônimos pois aqui é tudo muito diferente. As pessoas te cumprimentam o tempo todo, enquanto nas trilhas e caminhos...calma, calma, ainda não disse..estou esquiando, graças ao Urban. Me forneceu a roupa adequada e o equipamento, e ainda uma breve aula, enquanto a Neide se divertia assistindo de um banco e Pio e Kevin fotografavam...aliás, gente, essa é a Família...Super...os garotos são animados e amáveis, a presteza e cuidado do Urban e o carinho e amor da Neide me trouxeram grande alívio nesse final de jornada. Provavelmente não terei coragem de ficar aqui até minha volta, mas confesso que estou muito feliz. Ter me tornado amigo deles foi uma verdadeira benção...o Urban trabalha muito, no cassino e dando aulas de esqui, e sempre amável, sempre presente e prestativo. Estava muito cansado no dia da chegada, e assim mesmo, quis fazer o jantar, onde fiz um risoto negro de camarões e abobrinha com camarões ao vinho e salada ao molho de azeite, aceto balsâmico e ervas secas...ficou legal e eles gostaram e agradeceram...faz pouco que o telefone tocou, atendi e era o Urban, e conversei com toda a família, um após o outro...demais..estou muito bem nesse momento...escutando Diana Pequeno e tomando um vinho do Urban, que ele nem sabe, mas pagarei outro no Brasil, já que é o chileno Leon de Tarapacá Merlot 2005, um vinho que sempre tomo em casa. Tinha um branco na geladeira, mas fiquei receoso de ser um vinho muito caro, pois são pessoas de bom gosto. Fui ao supermercado comprar uma garrafa, mas já tinha fechado...decidi que vou emagrecer um pouco e evitei a cerveja que está na geladeira. Aproveitarei da canseira que é esquiar e vou aproveitar das gastas calorias para voltar uns quilos na balança. Estou com o esqui nórdico, ele é mais fino, e se caminha e se desliza... já estou com a bunda doendo dos tombos..mas é divertido também...as pessoas passam sempre sorrindo, digo c’est mon premier jour deux esquis..lés tombée...respondem que estou indo muito bem...esse lugar é demais....ontem, fomos a tarde deslizar de ..esqueci o nome..uns trenós de madeira, e foi ótimo os tombos...pena não ter curtido mais a família Meier...são...super. Estou sozinho no apartamento deles por uns dias, pois foram para Chur...onde mora o pai do Urban, ficarão lá uns dias e então para Zurick onde Neide volta com Pio e Kevin para o Brasil, dia 13 eu creio. Enquanto fui ao supermercado, passei por um Cyber-café...mas é 4 euros 20 minutos...prefiro em vinhos...
A despedida da familia Meyer foi muito legal, e a Neide me disse que minhas experiências são inspiradoras e seus filhos dizem que sou louco e sortudo...e o que vejo é que nessa roda do tempo, estou vivendo, girando um dia após o outro, conhecendo degustando, desejando, observando...a vida destrancou a sua porta para mim em muitos momentos e é meu tempo nesse mundo, com a graça de Deus, vou crescendo debaixo do sol. Nem tudo foi alegria, mas agora está mais com certeza...me tornei leve para o vento, que tem entrado ora por portas, ora por janelas, e me permiti ser lançado para tantos lugares, fazendo amizades, emoções, dei gargalhadas e prantos, sim, as portas e janelas do tempo sopraram vento em minha alegria e tristeza, e muito pude chorar, muito lavei meu coração...e ainda não cheguei..ainda estou aqui...
Bom pessoal, é isso, bem vindo ao novo blog e obrigado pela paciência novamente.
Não sei o que fiz de errado mas não apareceu lugar de mensagens. O email é:
adrius@globo.com
Abraços
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